Glauber Braga e o MBL: A conduta diante de provocadores e meliantes da extrema direita

Por Milton Alves*

Um dos parlamentares mais combativos da esquerda brasileira, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) é um alvo constante de ataques da extrema direita no parlamento e fora dele, nas ruas e nas redes sociais.

O episódio ocorrido ontem – terça-feira (16) – nas dependências da Câmara de Deputados quando o parlamentar foi insultado por um meliante da extrema direita, vinculado ao Movimento Brasil Livre (MBL), foi mais um dos inúmeros atos e práticas adotadas por esse grupelho, integrado por fascistoides e seguidores da cartilha do jornalista Olavo de Carvalho, um extremista de direita, que defendia o “esculacho” em público para desmoralizar e intimidar as lideranças de esquerda.

Portanto, merece todo apoio a atitude correta e profilática de Glauber Braga, de defender a sua integridade física e moral, ao retirar o provocador do recinto da Câmara de Deputados. O parlamentar não agrediu fisicamente o provocador, apenas usou a energia necessária para retirá-lo do ambiente.

É preciso erradicar a prática odiosa do “esculacho” e do assédio físico e verbal como forma de ação política. Na última década, tal prática foi normalizada em locais públicos – aeroportos, restaurantes, até em hospitais -, por militantes da extrema direita – bolsonaristas, lavajatistas, entre outras facções políticas.

Uma coisa é o protesto político coletivo – politizado e legítimo – contra uma autoridade do Executivo ou do Parlamento, baseado em demandas ou posições políticas e ideológicas nas ruas e redes sociais. É do jogo, faz parte do debate político público e democrático. Outra coisa, é o esculacho, geralmente agressivo, com palavras de baixo calão, depreciativo, preconceituoso e moralmente assediador.

O MBL é o grupo que utiliza de forma recorrente tais métodos para atacar seus adversários políticos e ideológicos, buscando ganhar projeção política e viralizar nas redes sociais. Muitas vezes em busca da lacração recorre ao anticomunismo mais primitivo, ao preconceito racial e classista, à misoginia e ao assédio sexual como foi o caso do ex- deputado, cassado, Arthur “Mamãe Falei”, com as jovens mulheres refugiadas de guerra na Ucrânia.

A esquerda – seus dirigentes e militantes – precisa reagir, com vigor e energia, para conter a extrema direita em todos os terrenos da luta política e ideológica, proteger seus líderes políticos, suas organizações e ativistas. Nas manifestações de massas, retomar o velho e bom serviço de ordem para evitar os provocadores e a repressão policial.

Que a conduta altiva do deputado Glauber Braga, assim como foi a atitude do dirigente comunista Carlos Marighella, que desarmado resistiu à prisão após o golpe militar, em maio de 1964, numa sala do Cine Eskye-Tijuca, e foi baleado por esbirros da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), uma das polícias políticas então existentes no país, se torne um ponto de virada na conduta da esquerda no enfrentamento ao fascismo, rompendo com o atual comportamento de intimidação política e flacidez ideológica.

Todo apoio ao deputado Glauber Braga e a luta pela preservação de seu necessário mandato parlamentar, ameaçado pela perseguição do presidente da Câmara dos Deputados, o escroque Arthur Lira (PP-AL).

*Jornalista e autor dos livros “Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país”[Editora Kotter, 2022] e de Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil” [Kotter, 2021], entre outras obras. É militante do PT em Curitiba.

PT Curitiba: a saída positiva do impasse é dar vez e voz à militância para decidir

Por Milton Alves*

O Partido dos Trabalhadores (PT) de Curitiba vive nos últimos meses um amplo processo de debate sobre as eleições municipais deste ano. Novos fatos engrossaram o caldo do conflito interno: a decisão do Diretório Nacional de empurrar para a comissão executiva nacional a palavra final sobre a tática eleitoral e a desfiliação do ex-governador e ex-senador Roberto Requião do partido, ele defendeu uma candidatura própria enquanto estava no PT.

O adiamento da decisão reflete também dúvidas no interior da própria corrente majoritária do PT, a CNB, sobre a melhor opção de tática eleitoral para Curitiba, além dos desentendimentos com o PSB em diversas capitais.

Portanto, o quadro interno se encontra congelado até a próxima reunião da executiva nacional. Se os defensores da aliança com o deputado Luciano Ducci (PSB) agirem com algum senso de proporção do tamanho do desastre dessa condução autoritária e excludente, reorientam para a retomada do processo de consulta à militância e abrem o diálogo interno para a construção de um projeto estratégico do PT-PR para 2026-2030.

A resistência da militância de base foi o fator decisivo para impedir, até o momento, a consumação do apoio ao candidato direitista. O atropelo oriundo de decisão restrita e apressada do Grupo de Trabalho Eleitoral, passa por cima de todas as deliberações anteriores, como a suspensão do encontro municipal de delegados –, uma conduta que pretende impedir a deliberação pelo coletivo partidário da tática eleitoral do PT em Curitiba.

Em nome de quê se faz isso? A motivação é clara: alimentar a ilusão de que o governo Lula e o próprio PT podem ser defendidos por inimigos jurados de nosso projeto ou pela fajuta e diluída “Frente Ampla”. Uma política inconsistente, que desarma e desmobiliza a militância para a luta em defesa das transformações que o país precisa e para as próximas eleições municipais.

E o mais importante do ponto de vista da luta política em curso: não se combate o Bolsonarismo amarrando o PT às mesmas forças responsáveis pelo impeachment da presidenta Dilma, pela prisão de Lula e pela eleição fraudulenta de Bolsonaro. O nosso L é de Luta e Lula, e não de Lira e Luciano!

O Movimento pela candidatura própria do PT vai seguir apresentando em todos os espaços, as diferenças políticas que estão por trás da disputa em Curitiba, com o objetivo de fortalecer este campo que construímos para disputar os rumos do partido.

O PT de Curitiba tem uma história de lutas contra os poderosos, inclusive aqueles a quem corre hoje o risco de ser submetido. O PT de Curitiba tem em seu acervo político uma heroica vigília de 580 dias em defesa da liberdade de Lula e o combate ao Lavajatismo de Moro e Deltan Dallagnol. Ali, naquela luta, se viu quem estava conosco e não se viu quem estava contra.

A candidatura própria do PT é a melhor alternativa para unir e fortalecer o partido em Curitiba e a que mais favorece a acumulação de forças para as próximas batalhas.

E no sábado, 13, o movimento realiza o ato político e cultural “Mortadelada do PT” pela candidatura própria, às 11h, na XV com Monsenhor Celso.

*Jornalista e militante do PT de Curitiba. Autor de “Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país”[Editora Kotter, 2022] e de Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil” [Kotter, 2021].

Consumindo Cuba, por Eugênio Bucci

Por Eugênio Bucci*

A tragédia cubana, um tanto melancólica, não se explica pela derrocada das relações de produção, mas pelo esvaziamento das relações de consumo

Frequentadores habituais de Havana reconhecem que a ilha de Fidel Castro enfrenta a sua pior crise. Quase tudo se esvai. Da revolução que tomou o poder em 1959, quando os guerrilheiros de Sierra Maestra marcharam sobre as ruas da capital sob os aplausos de um povo sorridente e esperançoso, resta pouco além de repartições burocráticas, escassez generalizada e gabinetes de vigilância política.

Os maiores entusiastas dessa longa história de arrebatamentos sabem disso. “É desesperador. Ninguém em Havana aponta saídas”, declarou Frei Betto ao jornalista Mario Sergio Conti (Folha de S. Paulo, 1º. de março). O frade dominicano, autor do bestseller Fidel e a religião (Editora Brasiliense, 1985), traduzido em mais de 30 países, inclusive em Cuba, é uma celebridade local.

Basta ele sair por las calles para que venha alguém puxar assunto. O afeto ainda é o mesmo, o calor do olhar e dos abraços ainda aquece, mas os sorrisos perderam o brilho, a esperança minguou e os aplausos escassearam. Nas palavras de Mario Sergio Conti, Cuba está “sem futuro à vista”.

Não é apenas uma estrela que fenece em céu incerto, não é somente um ocaso triste; a perda de vitalidade da saga insurrecional que balançou o mundo há seis décadas tem a envergadura de um evento histórico mais denso, que não podemos desistir de compreendr. A agonia lenta e progressiva tem pelo menos duas dimensões: no plano mais imediato, o das coisas práticas, fracassa um regime e um modo de governar; no plano menos tangível, o que vem abaixo é uma utopia do tamanho do mundo, uma utopia desproporcionalmente maior do que a modesta tripa de terra caribenha onde um dia se instalou em meio a gritos de vitória, jipes claudicantes, charutos rebeldes e mochilas puídas. A derrota que se expressa agora como falta de futuro é a calcinação de um sonho.

Explicações virão. Uns dirão que o bloqueio e as sanções impostas pelos Estados Unidos engendraram o estrago, e estarão certos. Outros sustentarão que o autoritarismo, os vezos ditatoriais e a insensibilidade de um poder que se ilhou de sua própria gente são os responsáveis pelo fiasco – estarão certos também.

O que poucos observadores notarão é que Cuba foi devorada e depois desprezada pela indústria do entretenimento ou, de modo mais preciso, pela indústria do turismo. Se vai morrendo aos poucos, não morre apenas de inanição (vítima do bloqueio) ou de asfixia (vítima de uma ordem autocrática), mas principalmente de déficit de carisma. Seu charme, que encantou visitantes tão distintos quanto o filósofo francês Jean-Paul Sartre e o jornalista brasileiro Ruy Mesquita, diretor do jornal O Estado de S. Paulo, não existe mais. El Malecón perdeu vigor porque perdeu a graça.

Quando se abriu para o turismo sem inibições, a ilha tomou a decisão de entrar para o mercado de viagens recreativas como se fosse um parque temático, uma espécie de Disneylândia socialista. Em parte, a guinada deu certo. Os consumidores afluíram sedentos de aventuras ideológicas. Muitos se deliciavam discutindo conjuntura internacional com o garçom e interpelando o motorista de taxi sobre a luta de classes.

Passar férias naquelas plagas e naquelas praias era como praticar um esporte radical, como experimentar uma clandestinidade sem correr risco de ir para a cadeia. Eram férias inebriantes, como brincar de guerrilha tendo um mojito numa mão e um Cohiba na outra.

No fundo, porém, o frenesi supostamente militante não passava de uma caprichosa modalidade de consumo: os turistas autodenominados “de esquerda” deglutiam com voracidade os dramas humanos do “período especial”, os infortúnios de homossexuais que sofriam perseguição do regime, o heroísmo de famílias que criavam porcos dentro de apartamentos para ter o que comer. Adoravam tudo isso, pois tudo isso fazia parte da luta que venceria a exploração do homem pelo homem.

Os turistas combativos iam para Varadero ou Cayo Largo e saíam de lá com a alma renovada, abastecida de novas fantasias, mais ou menos como quem vai até o NASA Kennedy Space Center para encostar os dedos em naves espaciais ou viaja para a Índia para se submeter a overdoses de meditação transcendental.

Foi então que o país que destronou Fulgencio Batista e seus cassinos alcoolizantes seguiu no mesmo negócio, apenas redecorou as vitrines. Funcionou, ao menos um pouco. Depois, o fetiche da mercadoria se desfez e a concorrência levou a melhor. A Cuba turística se deixou ultrapassar por outras atrações que ofereciam mais adrenalina, como paisagens exóticas da China, ondas perfeitas na Oceania ou a culinária vietnamita.

Pode ser cruel dizer isso, mas é o que é: se Cuba hoje desliza para o malogro, desliza menos porque perdeu um embate político, e mais por ter deixado de ser o objeto do desejo das massas – não das massas proletárias, mas das massas consumidoras internacionais. A sua tragédia um tanto melancólica não se explica pela derrocada das relações de produção, mas pelo esvaziamento das relações de consumo. Os outdoors de Che Guevara, Fidel e Camilo Cinfuegos desbotaram.

*É professor titular na Escola de Comunicações e Artes da USP. Autor, entre outros livros, de Incerteza, um ensaio: como pensamos a ideia que nos desorienta (e oriente o mundo digital) (Autêntica). https://amzn.to/3SytDKl

**Nota do editor do blog: Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo e reproduzido em diversos portais e sites especializados em política. Cuba atravessa uma profunda crise econômica, agudizada após a pandemia de Covid-19 e com a redução do afluxo de turistas, principal base da economia do país caribenho. A Ilha sofre ainda as consequências do bloqueio econômico, imposto pelo governo dos Estados Unidos, e de erros internos na condução da economia, como a reforma Tarea Ordenamiento, de 2021, que fracassou em sua aplicação. Custo de vida elevado, escassez generalizada de produtos, apagões intermitentes, inclusive em Havana, e o sucateamento dos serviços públicos são alguns dos graves problemas que afetam a vida cotidiana dos cubanos.(M.A)

Ditadura nunca mais! Punição para Bolsonaro e os generais promotores da intentona golpista de 8J

Por Milton Alves*

1º de abril, há 60 anos um golpe militar derrubava o governo constitucional do presidente João Goulart, que impulsionava um processo reformista, com as chamadas reformas de base: agrária, urbana, bancária, educacional, tributária, a defesa do voto para os analfabetos, uma política exterior independente, aumentos salariais para a classe trabalhadora e o controle da remessa de lucros.

A ditadura militar foi um regime de força e arbitrário que suprimiu os direitos políticos e os partidos, cerceou a liberdade de imprensa, sindical e impôs a censura cultural, acadêmica e cassou o mandato de deputados, governadores, juízes e militares de diversas patentes.

Além disso, a partir do famigerado Ato Institucional nº5 promoveu uma implacável perseguição aos opositores do governo militar, implantando o terror de estado — com o exílio, o assassinato e o desaparecimento de milhares de brasileiros. A ditadura militar foi também um regime entreguista das riquezas nacionais, corrupto, e que promoveu uma brutal concentração de renda.

A partir de 1974, com a vitória eleitoral do MDB e a crescente resistência popular, o povo começou a perder o medo e enfrentar a ditadura, que iniciou um processo lento e gradual de transição por cima, culminando com o colégio eleitoral e a anistia para os militares e para os crimes do regime.

O fim da ditadura legou ainda uma herança pesada para o país, que além de garantir a impunidade para os militares, criou mecanismos de tutela militar e privilégios para a casta militar.

A conjuntura de intensa polarização política, registrada na última década, demonstra um fio de continuidade entre os agentes políticos da ditadura e os seus herdeiros promotores do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff e da vitória eleitoral de Bolsonaro, em 2018, um filhote assumido do regime militar.

Resgatar a memória desse período e exigir a punição dos golpistas, de ontem e de hoje, é uma necessidade para fazer avançar a consciência democrática do país e evitar novas aventuras golpistas.

A resolução do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), aprovada na terça-feira (26), “reforça a mobilização contra a anistia aos golpistas, exige punição de todos que planejaram, financiaram e organizaram a conspiração golpista e os atentados de 8 de janeiro, sejam civis ou militares. Todos: desde seu comandante, Jair Bolsonaro, aos generais e chefes militares golpistas, empresários e demais envolvidos na conspiração”, diz um trecho da nota.

Punição para Bolsonaro e os generais golpistas

O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investigou os ataques golpistas e antidemocráticos de 8 de janeiro, pediu o indiciamento de 61 pessoas por crimes como associação criminosa, violência política, abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

A demanda das forças democráticas e populares é pela efetiva punição dos verdadeiros chefes políticos, organizadores e financiadores da tentativa de golpe em 8 de janeiro. A começar pelo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o principal responsável político pelos atos golpistas — antes, durante e após o processo eleitoral de 2022.

A CPMI do Congresso Nacional apontou as responsabilidades na intentona golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros do seu governo, como o general Walter Braga Neto, que foi ministro da Defesa; o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ministro da Justiça, que elaborou a “minuta do golpe”. Na lista constam também integrantes diversos do GSI, da Polícia Militar do Distrito Federal, empresários rurais e diversos deputados da extrema direita, abrigados na legenda do PL.

Novos elementos foram agregados sobre a extensão do plano golpista, com a delação e os depoimentos do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), coronel Mauro Cid, e que em depoimento para a Polícia Federal afirmou que o ex-presidente promoveu uma reunião com os comandantes do Exército, Marinha e da Aeronáutica, após o resultado das eleições presidenciais, para discutir medidas e ações de planejamento de um golpe para impedir a posse de Lula.

A delação de Mauro Cid e os recentes depoimentos dos comandantes militares do governo bolsonarista confirmam o teor da minuta do golpe, que supostamente contou com a assessoria do jurista Ives Gandra Martins.

No entanto, o governo do presidente Lula prossegue executando uma política de apaziguamento e de concessões aos comandantes militares. A decisão equivocada do governo de evitar promover eventos oficiais sobre os 60 anos do golpe militar é uma expressão cabal dessa política.

A conduta intimidada e vacilante do governo Lula garantiu a permanência do GSI sob controle dos generais, um trambolho antidemocrático e herança do SNI da ditadura; a continuidade dos nefastos CACs, que foram suspensos e voltaram sob o controle do Exército; o impasse sobre a instalação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura, uma promessa de campanha de Lula e que foi dissolvida pelo governo Bolsonaro; a manutenção do ministro da Defesa José Mucio, que funciona como uma espécie de estafeta entre a caserna e o Palácio do Planalto.

Neste mesmo sentido, seguem intactos os dispositivos, como o artigo 142 da CF, que favorecem a abusiva tutela militar das Forças Armadas sobre os destinos do país, e nada indica um esforço do atual governo para enfrentar essa questão crucial.

Entidades democráticas da sociedade civil questionam, principalmente, a lentidão em relação aos militares envolvidos no golpismo da extrema direita, que até agora não sofreram nenhum tipo de punição, apesar de provas substanciais e fartas surgidas no bojo das investigações da Polícia Federal.

A palavra de ordem “Sem Anistia” condensa o enfrentamento ao golpismo da extrema direita neste momento e estrutura um eixo organizativo e mobilizador para derrotarmos no terreno político, ideológico e cultural o bolsonarismo.

“Sem anistia” foi o apelo de milhares de brasileiros aglomerados na posse histórica do presidente Lula, em 1º de janeiro de 2023, e, com certeza, será ouvido novamente nas manifestações e atos convocados para este 1º de abril, que acontecerão em diversas capitais e cidades do Brasil.

*Jornalista, escritor e pós-graduando em Ciência Política. Militante do PT de Curitiba. Autor de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Editora Kotter, 2022] e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ [Kotter, 2021], entre outras obras. É colunista em diversos portais e sites da imprensa progressista e de esquerda.

As pesquisas eleitorais e a ‘política de apagamento’ do PT em Curitiba

Por Milton Alves*

Aberta a temporada de pesquisas eleitorais com o início das articulações partidárias para a disputa das eleições municipais de outubro.

Em Curitiba, o cenário inicial aponta para uma divisão entre o bloco das diversas direitas – Eduardo Pimentel, dos governistas Rafael Greca e Ratinho; o tucano agressor-de- professor-Beto Richa, os lavajatistas Deltan Dallagnol e Ney Leprevost; a extrema direita bolsonarista com Paulo Martins e Cristina Graeml e os candidatos do Centrão — Luizão Goulart e Luciano Ducci –, que tenta o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), a legenda de Lula segue dividida entre lançar uma candidatura própria ou apoiar Ducci [A decisão foi remetida ao diretório nacional do PT, suspendendo uma consulta aos filiados que estava marcada para o dia 7 de abril].

No espectro à esquerda, figuram a deputada federal Carol Dartora (PT), a primeira mulher negra eleita para Câmara de Deputados, com uma votação expressiva na capital –, e o pedetista Goura, que teve 13, 26% dos votos nas eleições municipais de 2020. Eles representam uma nova safra de lideranças políticas e dialogam com a fatia progressista e renovadora da cidade.

Pesquisa da Radar Inteligência

Na pesquisa divulgada neste domingo (17) pelo Instituto Radar, os pré-candidatos Eduardo Pimentel, Beto Richa, Luciano Ducci, Deltan Dallagnol e Ney Leprevost aparecem tecnicamente empatados — a margem de erro da sondagem é de 3,5 pontos percentuais.

As intenções de votos apontam o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), com 15,8%, seguido pelos ex-prefeitos Beto Richa (PSDB), com 13,1%, o golpista Luciano Ducci (PSB), com 12,3%, o ativista de extrema direita Deltan Dallagnol (Novo), com 11,5%, e o neolavajatista Ney Leprevost (União Brasil), com 10,9%.

Um segundo pelotão vem com o bolsonarista Paulo Martins (PL), 4,7%; Maria “camburão” Victoria (PP), com 3,3%; Luizão Goulart (Solidariedade), com 3,2%; a petista Carol Dartora (PT), com 2,6%; e Goura (PDT), com 2,5%.

Entre os ouvidos pela pesquisa, 7,8% disseram que votariam em nenhum, branco ou nulo; e 12,3% não sabem ou não opinaram.

O levantamento foi conduzido pelo Instituto Radar Inteligência, com uma margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. 816 eleitores foram ouvidos nos dias 11, 12 e 13 de março. O intervalo de confiança é de 95% e o registro no TRE é PR-07339/2024.

Paraná Pesquisaapaga’ o PT

O Instituto Paraná Pesquisa registrou na Justiça Eleitoral uma sondagem para a prefeitura de Curitiba, contratada pela TV Band. Serão ouvidos 800 eleitores entre os dias 15 e 20 de março, com divulgação prevista para a próxima quinta-feira (21).

Três cenários serão apresentados aos pesquisados. Chama atenção que nenhum nome do PT será apresentado aos eleitores. O partido tem três pré-candidatos – a deputada Carol Dartora, o deputado Zeca Dirceu e o advogado Felipe Mongruel. É pública a disputa interna na legenda e uma decisão final ainda não ocorreu. Além disso, a pesquisa vai avaliar a gestão do presidente Lula (PT). Portanto, seria natural a apresentação de um nome do partido do mandatário no levantamento.

Nomes inexpressivos e desconhecidos dos eleitores constam na pesquisa – até Rosangela Moro vai aparecer num dos cenários – e o PT foi “apagado” pelo Instituto Paraná Pesquisa.

Cenário 1, os pré-candidatos Eduardo Pimentel (PSD), Beto Richa (PSDB), Goura (PDT), Ney Leprevost (UB), Paulo Martins (PL), Deltan Dallagnol (Novo), Luciano Ducci (PSB), Luizão Goulart (SD) e Cristina Graeml (PMB e da Gazeta Antipovo).

No cenário 2, serão apresentados aos eleitores: Rosangela Moro (UB), no lugar de Ney Leprevost, e Valdemar Jorge, pelo “Novo”.

No cenário 3, Eduardo Pimentel, Ducci, Luizão, Ney e Valdemar.

A nominata dos pré-candidatos da pesquisa indica também a fragmentação das direitas – a velha, a neoliberal, os bolsonaristas e os lavajatistas. E sem a opção para os eleitores de Lula e do PT.

O Instituto Paraná Pesquisa vai avaliar ainda o nível de rejeição dos pré-candidatos e a influência do prefeito Rafael Greca, do governador Ratinho Jr, do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro no processo eleitoral de Curitiba.

A pesquisa está registrada no TRE-PR sob o número PR-01504/2024, com nível de confiança de 95% e uma margem de erro estimada em 3,5% para mais ou para menos.

Riscos da tática de apagamento do PT em Curitiba

Caso prevaleça a decisão de aliança com Ducci, o PT pode sofrer sérios danos políticos em Curitiba. O partido segue mergulhado num intenso debate interno entre lançar uma candidatura própria ou apoiar a candidatura do deputado federal Luciano Ducci (PSB) — alternativa rejeitada amplamente pela base do partido.

Na última quinta-feira (14), o grupo de trabalho eleitoral do Diretório Nacional do PT determinou a suspensão do processo de consulta aos filiados do partido na cidade.

A resistência das bases petistas ao nome de Luciano Ducci, é consequência de sua ação política prática, uma atuação conservadora e de direita. Ducci votou pelo impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff, apoiou a criminosa operação Lava Jato e votou em todas as medidas regressivas contra os trabalhadores nos governos de Temer e Bolsonaro. Integrante da bancada do Centrão de Lira, votou até na aberração do Marco Temporal, uma medida nefasta que visa subtrair a terra das comunidades indígenas e ribeirinhas.

Durante o seu mandato tampão na prefeitura de Curitiba – 2010/2012 – Ducci era o vice-prefeito na gestão de Beto Richa, adotou políticas contra os direitos dos servidores públicos, manteve intacta a licitação do transporte coletivo, que garante o controle da operação por um reduzido grupo de empresários. Além disso, prosseguiu com a política que favorece o controle do orçamento público pelos consórcios que operam com a especulação imobiliária e o uso do solo na cidade, com a privatização e a terceirização dos serviços de zeladoria, o controle privado de dados pelo ICI e a com a falta de transparência na gestão da Urbs. A mesma receita seguida pelas gestões de Lerner, Greca, Taniguchi, Beto Richa e agora novamente Greca-Eduardo Pimentel.

Apoiar Ducci amarra o PT com o atraso

Em nome de quê se defende e se faz uma aliança sem bases programáticas? Qual a motivação? Alimentar uma frágil ilusão de que o governo Lula e o próprio PT podem ser defendidos por inimigos jurados de nosso projeto. Isto é falso. Não se combate o Bolsonarismo amarrando o PT às mesmas forças responsáveis pelo Impeachment da presidenta Dilma, pela prisão de Lula e pela eleição fraudulenta de Bolsonaro. Com os neoliberais, vide as recentes declarações do obscuro Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, partido de Geraldo Alckmin, condenando a política de soberanista de Lula para a Petrobras e a política exterior de Lula contra o genocídio do povo palestino.

O PT de Curitiba tem uma história de lutas contra os poderosos, inclusive aqueles a quem corre hoje o risco de ser submetido. O PT de Curitiba tem em seu acervo político uma heroica vigília de 580 dias em defesa da liberdade de Lula. Ali se viu quem estava conosco e não se viu quem estava contra.

A candidatura própria do PT é a melhor alternativa para unir e fortalecer o partido em Curitiba e favorece a acumulação de forças para as próximas batalhas.

*Jornalista, escritor e pós-graduando em Ciência Política. Militante do PT de Curitiba. Autor de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Editora Kotter, 2022] e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ [Kotter, 2021], entre outras obras. É colunista em diversos portais e sites da imprensa progressista e de esquerda.

Lava Jato, dez anos de uma farsa criminosa

Por Milton Alves*

No dia 17 de março de 2014, teve início a operação Lava Jato, que prometia varrer a corrupção dos políticos e poderosos, impulsionada por um vasto esquema midiático, capitaneado pela Rede Globo.

Nos primeiros anos, a Lava Jato obteve um amplo respaldo popular e transformou um juiz de primeira instância e um grupo de procuradores de Curitiba em “salvadores da nação”.

Em junho de 2019, o site The Intercept iniciou uma série de artigos que mostrou os bastidores da operação, revelando as trocas de mensagens entre os integrantes da força-tarefa da Lava Jato e o juiz Sergio Moro.

As transcrições das mensagens mostraram a atuação de Moro orientando o Ministério Público e a promotoria nas diversas fases da operação Lava Jato. Uma prática que viola o código de ética da magistratura e a Constituição brasileira, por desrespeitar os princípios da imparcialidade, independência e a separação entre defesa e acusação.

A parcialidade de Sergio Moro contaminou todas as ações da Lava Jato, desde as manobras e chantagens, até mesmo contra ministros de tribunais superiores, para usurpar a competência sobre investigações que não eram da Vara de Curitiba, até o balcão de compra e venda de delações direcionadas contra dirigentes políticos, cujo o alvo preferencial foi o atual presidente Lula, condenado e preso de forma injusta e arbitrária.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, chegou a classificar a atuação da força-tarefa como um verdadeiro “esquadrão da morte” e que “atuava totalmente fora dos parâmetros legais”.

No momento, o ex-juiz e ainda senador Sergio Moro tenta escapar da cassação de seu mandato e trata de deslocar o domicílio eleitoral de sua esposa, a deputada federal por São Paulo, Rosangela Moro, para Curitiba, cometendo mais uma fraude contra o eleitor paulista. A manobra canhestra de Moro visa assegurar as condições para uma futura candidatura ao Senado de Rosangela Moro em 2026, no caso da eventual cassação do mandato do ex-juiz.

Lavajatismo’ é o fascismo de toga

Ao traçarmos uma linha do tempo da operação iniciada em março de 2014, é também inevitável a constatação de que a Lava Jato contribuiu de forma decisiva para a subversão da institucionalidade pactuada na Assembleia Nacional Constituinte de 1988, praticando um modelo importado de justiça, de caráter punitivista, autoritário, de exceção – violando todas as regras consagradas no chamado estado de direito.

Uma avaliação mais geral do contexto do surgimento da operação Lava Jato aponta para uma ação sintonizada com a política implementada pelo Departamento de Estado (DoS) norte-americano: Após o colapso do estado soviético e o fim das guerrilhas marxistas em El Salvador e Guatemala, os Estados Unidos iniciaram na América Latina e no Caribe, nos anos 90, a “guerra contra as drogas”, uma operação de interferência direta nos países da região.

Em um novo giro na política imperialista, depois da chamada “guerra contra o terror” dos anos 2000, a agenda de combate à corrupção também pautou as ações do Departamento de Estado e demais agências norte-americanas de inteligência e espionagem, um instrumento a serviço da desestabilização de governos democráticos e progressistas do continente. Brasil, Equador, Argentina e Peru, em graus diferenciados, foram os alvos de campanhas “anticorrupção”, com o estímulo, suporte e participação direta de agências estadunidenses.

Portanto, um dos maiores crimes praticados no curso da operação Lava Jato foi a colaboração clandestina com agências, como o FBI, e autoridades dos EUA e da Suíça, uma grave lesão aos interesses do país que precisa ser devidamente apurada.

Os danos institucionais, econômicos e sociais gerados pela Lava Jato devem ser examinados cuidadosamente pela lupa do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional, PGR, Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo próprio Ministério Público Federal, definindo os crimes e a responsabilização dos envolvidos.

Legado nefasto

Órgãos da mídia corporativa – TV Globo e Folha de São Paulo – tentam relativizar os crimes e impactos negativos da Lava Jato na vida nacional. O esforço atual da mídia pró-Lava Jato é apresentar os crimes como simples desvios da “rota positiva” da operação no combate à corrupção no interior do estado brasileiro.

Segundo os órfãos da Lava Jato, a experiência foi positiva e que um balanço da operação não pode abrir caminho para a volta da impunidade dos agentes públicos e empresários. Ou seja, o mesmo discurso favorável ao lavajatismo, reciclado por um tom mais defensivo diante das montanhas de denúncias, que revelam os métodos criminosos praticados pelo ex-juiz e senador Sérgio Moro, que em breve será julgado pelo TRE-PR por violar as regras eleitorais em 2022, e por Deltan Dallagnol, deputado cassado e ativista da extrema direita.

Apesar do desgaste e da desmoralização atual de figuras como Dallagnol e Sergio Moro, a Rede Globo continua praticando a defesa da Lava Jato, alimentando um discurso leviano sobre o combate à corrupção.

Além disso, é impossível não estabelecer o nexo entre Operação Lava Jato e a vitória eleitoral, em 2018, do cleptofascista e genocida Jair Bolsonaro, que conduziu um governo desastroso. O lavajatismo foi um importante estuário para ação política da extrema direita, que com muita demagogia e o apoio da imprensa dominante, empolgou vastos setores da população e do eleitorado.

Os métodos da Lava Jato desembocaram na criminalização dos partidos e de lideranças políticas, que teve como maior expressão a campanha inédita de lawfare contra um líder político brasileiro – o atual presidente Lula -, condenado e preso sem provas por 580 dias. O encarceramento “preventivo” de executivos de empresas privadas e públicas, as delações forjadas, as conduções coercitivas ilegais, as prisões filmadas, os vazamentos seletivos para a Rede Globo, a falsificação de documentos e a espionagem de advogados de defesa dos acusados foram alguns dos mecanismos criminosos utilizados pela operação.

A Lava Jato legou um enorme passivo na economia do país, sob o pretexto do combate à corrupção, provocou a implosão de setores inteiros da economia nacional, afetando a indústria da construção civil e de infraestrutura pesada, a indústria naval, o setor químico e a cadeia produtiva de petróleo e gás.

Segundo estudo do Corecon [Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro], a Lava Jato foi um fator importante no agravamento do quadro de recessão na economia entre os anos de 2015 a 2018 e foi a responsável pela queda de até 85% do faturamento das construtoras brasileiras, o que acabou gerando a perda de mais de quatro milhões de empregos diretos e indiretos em todo o país.

A eliminação dos mecanismos criminosos do lavajatismo no interior do Sistema de Justiça, é fundamental para abrir caminho na direção de uma reforma profunda das instituições judiciais e do próprio Ministério Público.

*Jornalista, escritor e pós-graduando em Ciência Política. Militante do PT de Curitiba. Autor de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Editora Kotter, 2022] e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ [Kotter, 2021], entre outras obras. É colunista em diversos portais e sites da imprensa progressista e de esquerda.

Em Curitiba, candidatura própria do PT para defender Lula e um programa a favor da maioria da cidade

Por Milton Alves*

As eleições municipais de 2024 acontecerão num cenário marcado pela polarização política com a tentativa de rearticulação da extrema direita. Também incide nelas, a acumulação de forças para o pleito de 2026, o que torna incontornável a sua “nacionalização”.

Resolução do Diretório Nacional indica que “somos um partido nacional, temos um projeto de país… precisamos consolidar uma Frente Democrática e Popular para implementar um Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil, com políticas estruturantes e transformadoras nos municípios brasileiros”.

Neste sentido, devemos apresentar ao eleitorado uma agenda antineoliberal, ligando os problemas locais com as questões nacionais que entravam e sufocam o desenvolvimento dos municípios: teto de gastos, privatizações, precarizações e terceirizações. É preciso democratizar e humanizar a vida nas cidades com políticas sociais de inclusão, moradia popular, adoção progressiva da tarifa zero, criação de uma frota pública de ônibus, fortalecer o SUS nos territórios, atividades culturais e de lazer na periferia, controle público do ICI, zerar a fila de vagas nas creches do município, entre outras propostas populares.

Candidatura própria, uma construção

O PT de Curitiba enfrenta um intenso debate interno entre uma candidatura própria e o apoio a Luciano Ducci (PSB), amplamente rejeitado pela base do partido. A trajetória de Ducci (vice de Beto Richa e prefeito interino por um período) colide frontalmente com as posições do PT.

O atual deputado federal apoiou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, apoiou a Operação Lava-Jato, votou contra os trabalhadores em todos os projetos de privatização e retirada de direitos. Mais recentemente, votou no Marco Temporal, contra os povos indígenas.

O PSB, partido alugado por Ducci, integra no Paraná a base de apoio de Ratinho Jr., aliado de Bolsonaro, além de manter cargos na gestão de Rafael Greca, o atual prefeito.

A militância petista, que sustentou um duro combate ao lavajatismo e ao bolsonarismo, foi responsável pela vigília de 580 dias em defesa da liberdade do presidente Lula, quando Ducci somava forças com os nossos algozes. Vem daí, compreensivelmente, a saudável rejeição à aliança com Ducci.

O PT de Curitiba apresenta uma fase de crescimento e renovação de quadros, nas diversas esferas. Carol Dartora e Tadeu Veneri (Câmara Federal), Renato Freitas, Maurício Requião e Ana Júlia (Assembleia Legislativa). Reeleito para a Câmara Federal, Zeca Dirceu é pré-candidato a prefeito, ao lado de Carol Dartora e do advogado Felipe Magal Mongruel.

Uma candidatura própria – petista, lulista e popular -, é o melhor caminho para defender as conquistas e legados do governo do presidente Lula. Também é a melhor opção para enfrentarmos o bloco político que comanda a gestão da Prefeitura, a serviço das corporações imobiliárias, das empresas de ônibus, zeladoria e limpeza, da gestão privada de dados. Ou seja, uma Curitiba organizada como a capital dos lucrativos negócios privados com base no controle do orçamento público, enriquecendo uma minoria de famílias de privilegiados.

A militância do PT quer abrir uma nova perspectiva na cidade, contribuindo para a derrota das forças antidemocráticas e neoliberais no país.

A militância petista quer uma campanha para dialogar com povo trabalhador da cidade, com os negros e negras, com a juventude, com a população em situação de rua, com a comunidade LGBTQQICAAPF2K+, com o mundo da cultura e a intelectualidade, com os pequenos comerciantes e ambulantes, com os religiosos.

A candidatura própria reforça e projeta o PT curitibano para o futuro. Acredite!

*Jornalista, escritor e pós-graduando em Ciência Política. Militante do PT de Curitiba. Autor de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Editora Kotter, 2022], entre outras obras. É colunista em diversos portais e sites da imprensa progressista e de esquerda.

Bolsonaro apresentou as suas armas e segue sendo um forte ativo eleitoral

Notas sobre o impacto na conjuntura política do ato da extrema direita na Av. Paulista

Por Milton Alves*

1. A manifestação da extrema direita na Avenida Paulista no domingo (25) foi uma considerável demonstração de força política e de massas, com a presença dos governadores de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás e do prefeito paulistano, dezenas de deputados e senadores, centenas de prefeitos.

2. A polarização é o traço principal da conjuntura política. É um fato incontornável e que exige da esquerda partidária e social uma tática de enfrentamento, de nitidez programática, uma luta cotidiana – política, cultural e valores ideológicos – nas ruas, redes sociais, no parlamento e nas demais instituições da sociedade.

3. A tática de “Frente Ampla” e de “conciliação nacional” desarma e desmoraliza os setores do povo que marcham com esquerda, que querem mais e que respondem com desalento aos acordos e alianças com os velhos políticos da direita neoliberal.

4. Michele Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, o deputado Nikolas e o governador Ronaldo Caiado, emergem como fortes opções eleitorais entre as diversas frações da extrema direita. Michele transita melhor entre todas as camadas de eleitores que são agrupados pelo bolsonarismo.

4. Foi a maior manifestação a favor do governo de Israel no Ocidente. A extrema direita brasileira tem como um dos seus mais potentes eixos ideológicos a aliança com o governo sionista de Israel.

5. O debate acerca do número de pessoas no ato da extrema direita na Avenida Paulista é secundário. Sob qualquer critério de levantamento foi numeroso, massivo: 185 mil (USP), 600 mil (PM-SP) ou 300 mil (analistas e sites). A manifestação foi expressiva, com densidade política e cumpriu seu objetivo: chantagear e pressionar o STF e mandar um recado para a velha direita neoliberal no Congresso,com a possibilidade da apresentação de um PL pela anistia dos generais criminosos, do próprio Bolsonaro e do andar de baixo do 8J.

6. O ex-presidente Jair Bolsonaro (e a corrente liberal-neofascista) segue sendo um forte ativo eleitoral. Nas próximas eleições municipais, em muitas capitais e regiões metropolitanas, será uma força decisiva, relevante, fagocitando a velha direita neoliberal.

7. Nem subestimar e nem superestimar a força do bolsonarismo, porém é necessário entender a natureza e o alcance real dessa corrente política reacionária, que reúne desde setores do empresariado, os diversos segmentos das camadas médias e fatias da classe trabalhadora urbana.

8. De efeito imediato na cena política: a manifestação da Paulista agrupa a extrema direita com a bandeira da “Anistia”. Ou seja, o ato de domingo forneceu um eixo político, uma narrativa para enfrentar as ações judiciais do Supremo Tribunal Federal e as investigações da PF. Tudo indica que, por ora, a prisão de Bolsonaro e dos generais golpistas estão descartadas — apesar das substanciais provas.

*É jornalista e escritor. Colabora em diversas mídias progressistas e de esquerda. É o autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020), ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) e de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país‘ (2022) — todos pela Kotter Editorial. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba. Faz Pós-graduação em Ciência Política.

Quando a realidade se impõe: é a candidatura própria que une e fortalece o PT em Curitiba

A massiva e representativa plenária a favor da candidatura própria do PT em Curitiba, que aconteceu na noite de segunda-feira (19), no Espaço Cultural do Sindicato dos Bancários, reuniu todas as tendências internas do partido, ativistas das zonais do PT e os parlamentares com maior volume de votos na capital nas últimas eleições — um auditório lotado, com mais de 200 pessoas, demonstrou a energia e a vitalidade do movimento pela candidatura própria do PT.

Além dos três pré-candidatos – deputada federal Carol Dartora, deputado federal Zeca Dirceu e o advogado e radialista Felipe Magal – participaram do evento partidário o ex-governador e ex-senador Roberto Requião, o deputado federal Tadeu Veneri; os deputados estaduais Renato Freitas, Requião Filho e Professor Lemos; as vereadoras Professora Josete, Giórgia Prates e Angelo Vanhoni, que preside o PT de Curitiba.

A tônica dos pronunciamentos foi sobre a necessidade de uma candidatura própria do PT, como uma exigência do momento atual, para sustentar a defesa do governo do presidente Lula e realizar o embate de projetos contra o consórcio político conservador que comanda a prefeitura de Curitiba, e ampliar a bancada de vereadores — que conta atualmente com 3 parlamentares.

As várias lideranças de base que usaram a palavra reafirmaram a importância do papel protagonista do PT nos diversos movimentos sociais de Curitiba, expressando a demanda por uma cidade humanizada e democrática e rejeitando a tese de aliança com o deputado federal Luciano Ducci (PSB).

E somente uma liderança política identificada com o projeto do PT e de Lula, é capaz de galvanizar o apoio desses setores da população para uma candidatura de perfil popular e democrático em Curitiba.

O ex-governador Roberto Requião lembrou das experiências de desempenho em disputas eleitorais do campo popular de Curitiba: “Quando iniciei a minha campanha tinha somente 2% e terminei vitorioso, me elegendo prefeito [1986-1989] contra um mito do urbanismo e da cidade, que era o Jaime Lerner. O mesmo aconteceu com Vanhoni nas eleições de 2000, quando surpreendeu e quase ganhou a eleição para prefeito”.

A presença do presidente do PT de Curitiba, o vereador Ângelo Vanhoni, um dos líderes da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), sinalizou para a preservação da democracia interna e o respeito ao calendário partidário.

Além do debate sobre a tática eleitoral, a reunião aprovou uma moção de apoio ao presidente Lula, atacado pela extrema direita e pelo PSB por defender a população da Palestina, que é vítima de uma guerra de agressão e genocídio levada a cabo pelo governo sionista de Israel.

Um programa para Humanizar Curitiba

O PT de Curitiba deve apresentar na campanha eleitoral uma agenda de propostas populares, apontando a ligação entre os problemas locais com as questões nacionais que entravam e sufocam o desenvolvimento dos municípios: a herança da EC 95 – teto dos gastos, as privatizações e as precarizações dos serviços públicos, as demandas por mais investimentos no SUS, priorizando os territórios periféricos; a garantia da manutenção dos Fundos, como o Fundeb – financiamento do ensino básico e creches -; o Fundo de Participação dos Municípios (FPM); implementar o Orçamento Participativo, com a participação popular; a adoção gradual da tarifa zero nos transportes e a criação de uma frota pública; a revisão dos contratos e novas licitações para a gestão do lixo e da zeladoria da cidade; a transformação do ICI numa autarquia municipal; entre outras demandas de inclusão e desenvolvimento econômico. Ou seja, humanizar e democratizar a vida na capital de todos os curitibanos e as curitibanas.

A plenária petista pela candidatura própria significou também uma realidade incontornável: o que une e fortalece o PT de Curitiba no futuro imediato e nas disputas futuras – como a possibilidade de uma eleição suplementar para o Senado, caso o senador Sergio Moro tenha o mandato cassado pela Justiça Eleitoral – é a candidatura própria.

Segundo o calendário definido pelo Diretório Municipal do PT, o Encontro Municipal para escolha dos candidatos – chapa de vereadores e o candidato ao cargo de prefeito – será realizado no dia 06 de abril.

Agenda

Ato pela candidatura própria – dia 24 de fevereiro (sábado), às 10h, Rua XV com Monsenhor Celso.

Reunião Ampliada do Diretório Municipal – dia 2 de março (sábado), às 9h, em local a ser definido

*É jornalista e escritor. Colabora em diversas mídias progressistas e de esquerda. É o autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020), ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) e de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país‘ (2022) — todos pela Kotter Editorial. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba. Faz Pós-graduação em Ciência Política.

PT Curitiba: cresce adesão pela candidatura própria entre a militância e parlamentares da legenda

Candidatura própria em construção

Nesta segunda-feira (19), às 19h, no Sindicato dos Bancários, com a presença dos três pré-candidatos – deputado federal Zeca Dirceu, da deputada federal Carol Dartora e do advogado e militante Felipe Magal -, das vereadoras Professora Josete e Giórgia Prates, dos deputados estaduais Renato Freitas e Requião Filho, do deputado federal Tadeu Veneri, do ex-governador e senador Roberto Requião e de lideranças sindicais e de movimentos sociais será realizado um ato pela candidatura própria do PT para a prefeitura de Curitiba.

Na última sexta-feira (16), reunião organizada na sede do partido, convocada pelas tendências internas – Militância Socialista, Democracia Socialista, Articulação de Esquerda, O Trabalho e Base e Luta – com a presença de dezenas de militantes de todas as zonais do partido, definiu um calendário de mobilização em defesa da candidatura própria do PT para disputar a prefeitura de Curitiba e ampliar a bancada na Câmara de Vereadores — com 3 parlamentares na atual legislatura.

O ex-deputado federal e ex-presidente do PT-PR, Dr. Rosinha, “defende uma campanha pública nas ruas e nas redes sociais pela candidatura própria”. Um abaixo-assinado já circula entre a militância em defesa da candidatura própria.

Segundo o calendário definido pelo Diretório Municipal do PT, o Encontro Municipal para escolha dos candidatos – chapa de vereadores e o candidato ao cargo de prefeito – será realizado no dia 06 de abril.

Nos últimos meses, o PT curitibano realiza um intenso debate interno entre lançar uma candidatura própria ou apoiar a candidatura do deputado federal Luciano Ducci (PSB), uma alternativa que desagrada amplos setores do partido e dos movimentos sociais na capital.

Ducci, uma trajetória contra o PT e a esquerda

A trajetória de Luciano Ducci, que foi vice-prefeito de Beto Richa (PSDB) e assumiu por um período o mandato na prefeitura de Curitiba, sendo derrotado pela aliança entre Gustavo Fruet (PDT) e o PT em 2012, é bastante contraditória com as posições do PT. Ducci apoiou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a criminosa operação Lava Jato, votou sistematicamente em todos os projetos de privatizações e de retirada de direitos dos trabalhadores durante os governos de Temer e Bolsonaro, e recentemente votou até no Marco Temporal.

Para complicar o cenário, o PSB, partido presidido por Ducci no Paraná, integra a base de sustentação do governo de Ratinho Jr, aliado de Bolsonaro, e mantém cargos na gestão do atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca.

Portanto, é natural a resistência das bases petistas ao nome de Luciano Ducci. A militância petista de Curitiba sustentou por quase dois anos um duro e duplo combate contra o Lavajatismo e o bolsonarismo. Essa militância foi a responsável por um movimento inédito, a Vigília Lula Livre, por 580 dias, em defesa da liberdade de Lula. A candidatura própria é tributária dessa mobilização, da campanha pela liberdade do companheiro presidente Lula.

PT em Curitiba, renovação geracional e crescimento

O PT de Curitiba apresenta uma fase de crescimento e de renovação de quadros, no último período. Nas eleições de 2022, elegeu como uma das deputadas federais mais votadas de Curitiba para Câmara de Deputados, a professora da rede pública Carol Dartora, a primeira mulher negra a conquistar um mandato no estado do Paraná.

Para a Assembleia Legislativa, com significativas votações na capital, elegeu Renato Freitas, hoje uma liderança negra e popular de projeção nacional, a jovem Ana Júlia e Maurício Requião. Para a Câmara de Deputados, elegeu Tadeu Veneri, que foi o candidato do PT nas eleições de 2016 e reelegeu o deputado Zeca Dirceu, que integra a tendência Construindo um Novo Brasil (CNB).

Segundo o calendário definido pelo Diretório Municipal do PT, o Encontro Municipal para escolha dos candidatos – chapa de vereadores e o candidato ao cargo de prefeito – será realizado no dia 06 de abril.

Serviço

Ato em defesa da candidatura própria do PT: Segunda-feira (19), às 19h, sede do Sindicato dos Bancários – Rua Piquiri, 380 – Rebouças

Ato de rua em defesa da candidatura própria do PT: Sábado (24), às 10h, Rua XV com Monsenhor Celso (esquina democrática) – Centro

Reunião ampliada do Diretório Municipal – Sábado (2 de março) – às 9h, local a definir