Ampliar o apoio político à greve dos petroleiros

A greve dos petroleiros completou o seu 16º dia de resistência contra a privatização da Petrobras e o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). O movimento se expande, ganha adesão crescente da categoria, e segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP) já são mais de 20 mil trabalhadores paralisados em 116 unidades da Petrobras, de norte a sul do país.

A greve nacional dos petroleiros por sua dimensão e intensidade ingressa numa etapa decisiva, com as inevitáveis implicações na arena política polarizada em curso no país. Neste momento, é fundamental ampliar e fortalecer o apoio político e social ao movimento.

O desmonte do Sistema Petrobras faz parte da ofensiva privatista do governo neoliberal e entreguista de Bolsonaro. A estatal foi resultado do impulso desenvolvimentista brasileiro ainda no governo nacionalista de Getúlio Vargas, atendendo um anseio das massas populares que foram às ruas dizer que o “petróleo é nosso!” .

O fechamento da Fafen, além de comprometer a cadeia produtiva da indústria petroquímica, de imediato, vai causar a demissão de mil trabalhadores (diretos e terceirizados) e de quase quatro mil empregos indiretos, com impacto efetivo na economia do município de Araucária, na região metropolitana de Curitiba.

Neste sentido, é fundamental ampliar as ações concretas de apoio ao movimento grevista dos petroleiros, unificando a mobilização da categoria com os diversos segmentos em luta contra as privatizações como os trabalhadores dos Correios, da Eletrobras, da Dataprev ainda ameaçados, da Casa da Moeda e agora a junção com o protesto dos caminhoneiros.

E para romper a operação de confinamento da greve, imposta pelo silêncio sistemático da mídia corporativa pró-governo, é um imperativo a realização de atos públicos nas capitais e cidades com bases da Petrobras, audiências públicas nas casas legislativas e ações de propaganda nos locais de maior afluência popular. O que também amplia as possibilidades para travar a disputa de narrativa em torno da defesa do caráter estatal da Petrobras, da sua importância para a economia nacional, e, ao mesmo tempo, facilitando a denúncia da nefasta política de preços dos combustíveis adotada pelo governo de Bolsonaro e Guedes.

Os partidos de esquerda, os movimentos sociais e os líderes parlamentares do campo popular e democrático estão chamados a assumir como prioridade política o apoio à greve de resistência dos petroleiros. Uma ação necessária no contexto da agenda de combate político ao governo bolsonarista.

Todo apoio aos petroleiros é a palavra de ordem para enfrentar e conter as ameaças do governo, a intransigência e chantagem da direção da empresa, o confinamento programado pela mídia e a hostilidade do Poder Judiciário contra a greve.

*Ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’.

*Publicado em 17/02/2020

Publicado por milton alves

Milton Alves, 59 anos, residente em Curitiba. Ativista político e social. Jornalista e escritor. Colabora em diversas mídias progressistas e de esquerda. É autor dos livros 'A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT' (2019), 'A Saída e pela Esquerda' (2020), 'LAVA JATO, uma conspiração contra o Brasil' (2021) e de 'Brasil Sem Máscara- o governo Bolsonaro e a destruição do país - todos pela kotter Editorial. Também atuou por muitos anos na imprensa sindical. Graduado em Gestão Pública pela UFPR e estudou na Instituição Julio Antonio Mella (Havana-Cuba).

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